Parlamentares defenderam nesta terça-feira a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 
534/02,  do Senado, que amplia as competências das guardas municipais. O tema  foi discutido em seminário sobre guardas municipais e segurança pública  promovido pela 
Comissão de Legislação Participativa.
A proposta, que já foi 
aprovada em 
comissão especial  e está pronta para ser votada pelo Plenário, autoriza as guardas  municipais a atuar na proteção da população. Atualmente, a instituição  pode trabalhar somente no resguardo de bens, serviços e instalações  municipais.
Para o relator do texto, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), há  dois problemas que impedem a votação da PEC. O primeiro é a falta de  mobilização dos próprios     profissionais das guardas para pressionar os  deputados a colocarem a proposta na pauta do Plenário. O outro item que  impede a votação, na opinião do relator, é o lobby de setores da Polícia  Militar (PM) contra a ampliação das atividades da guarda municipal.
“Todo coronel da PM da ativa é contra as guardas municipais, mas  quando vai para reserva quer ser comandante dessas guardas”, afirmou  Faria de Sá. Ele destacou que a PEC 534/02 está mais adiantada em  relação a outras medidas sobre segurança (como as PECs 
300/08, que trata do piso salarial de policiais e bombeiros, e 
308/04, que cria as polícias penitenciárias federal e estaduais).
Frente Parlamentar
O deputado Vicentinho (PT-SP) também pediu aos guardas municipais que se  mobilizem para cobrar dos parlamentares a aprovação da PEC e para  relançar a 
frente parlamentar  pró-guarda municipal, da qual ele era presidente. “A aprovação da  regulamentação da categoria vai depender muito mais de nós. Precisamos  de mais unidade, de atos unificados. A causa é mais ampla que os  partidos”, declarou. Atualmente, há 139 assinaturas das 171 necessárias  para a reinstalação da frente.
Já o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO) sustentou que toda guarda  municipal deve ser armada. Atualmente, o Estatuto do Desarmamento (Lei 
10.826/03)  prevê o porte de armas apenas para guardas municipais de cidades com  mais de 50 mil habitantes. “Somos defensores de uma guarda forte, ao  lado do cidadão, para ser policia comunitária e ostensiva em defesa da  vida.”
Políticas de segurança
Segundo o presidente da Câmara, Marco Maia, a inserção da categoria no  debate sobre segurança pública é fundamental para a reformulação das  políticas públicas para a área.
Maia afirmou que uma das alternativas para resolver os problemas na  área de segurança é dotar estados e municípios de condições adequadas  para atuar na prevenção e no combate à violência e ao crime. E a atuação  dos municípios, segundo ele, depende diretamente do trabalho das  guardas municipais.
Comissão especial
A Câmara instalará comissão especial sobre segurança pública, cujos  trabalhos devem incluir a análise do papel das guardas municipais no  sistema brasileiro de segurança pública. O início dos trabalhos do  colegiado, criado em abril, ainda depende da indicação dos integrantes  pelos partidos.
Para o presidente da organização não governamental SOS Segurança Dá  Vida, Maurício Domingues da Silva, que propôs a realização do seminário,  de nada adianta fazer debates sobre as guardas municipais em diferentes  cidades se não for feito um trabalho específico em Brasília.  “Precisamos pôr na cabeça do parlamentar que o dever da polícia é muito  mais do que as polícias estaduais estão fazendo.”
O seminário prosseguirá nesta tarde, no auditório Nereu Ramos. Na  pauta do evento estão a capacitação das guardas municipais e o histórico  das atribuições de seus profissionais